Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Futebol!

Agradecemos a preferência

Por Vítor Matos


- Cara, mas o banheiro fica do outro lado....


Ao menor sinal de descuido, tinha um atleta cubano fugindo da Vila Pan-Americana. Costuma ser assim em competições internacionais; os nativos da ilha de Fidel abandonam a delegação e pedem asilo político ao país que está sediando o evento. Vão atrás de melhores perspectivas de vida. Nessa busca desesperada, serve até ficar no Brasil. Esses cubanos são loucos.

Curiosa foi a maneira com que nossas praças especializadas – botecos, mídia e salões de beleza – trataram as evasões cubanas. Todo comentário trazia aquele ar de deboche vestido de piedade:

- Tadinho deles... mas também, viver naquele país! Quem é que dá conta?

Fica a impressão de que a fuga de um cubano para o Brasil regozija a opinião pública do nosso país. Massageia o ego tupiniquim. Pinta-se a idéia de que somos uma nação superior, adiantada, que soube fazer as escolhas certas no passado. Como se cada fracasso de Cuba referendasse o projeto político e social que o Brasil adotou ao longo das décadas. Tsc, tsc, tsc....

Nessas horas ninguém lembra que os atletas de ponta do cenário brasileiro – jogadores de futebol, nadadores, o pessoal do vôlei – preferem construir suas carreiras na Europa ou nos Estados Unidos, justamente porque é lá que encontram, além de conforto para as famílias, infra-estrutura para evoluir profissionalmente.Nos outros setores de atividade ocorre o mesmo; o brasileiro que tem a oportunidade não pensa duas vezes em partir pro 1º mundo. A diferença é que aqui dispomos de meios legais para tanto, em Cuba é preciso desertar.
Portanto, a auto-estima brasileira agradece a preferência dos cubanos. Sempre que estiverem a fim de dar uma escapadinha, podem vir pra cá que estaremos de braços abertos. Só não garantimos saúde, educação, comida, segurança, emprego, acesso à cultura, saneamento básico e água potável. Também não vai dar pra vir de avião, peguem uma balsa. Ah, e cuidado com as vaias.

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