Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Futebol!

Filhos da Greve

Por Vítor Matos

É típico de países que vivem sob uma Ditadura Camuflada, como é o nosso caso – sim, porque o Brasil apenas trocou a coerção militar pela não menos eficiente alienação mental da população – calar por meio da manipulação de idéias qualquer manifestação popular que fira a ordem e o status quo da nação.

Em vez da truculência, a sabedoria. Os inquisidores de hoje têm um vasto arsenal de ironias, deboches e humilhações à disposição. Não precisam mais sujar as mãos para sufocar a democracia.

Movimentos sociais são esvaziados e descredibilizados, levados ao ridículo. Taí, por exemplo, essa atual greve dos servidores da UnB, responsável por nossas férias de inverno. Todo mundo já sabe no que vai dar – em nada. O governo dá de ombros, os próprios trabalhadores duvidam da eficiência do mecanismo e nós, os alunos, aproveitamos o recesso prolongado para cultivar hobbies. Deixe estar.

Greves estão há muito banalizadas. Incrustaram-se ao calendário como a Semana do Saco Cheio ou o Dia do Evangélico. Têm data e local pra acontecer. Idos são os dias em que elas faziam o terror dos patrões, mobilizavam multidões, foices e cassetetes. Hoje vai tudo na base do Relaxa e Goza.

Aliás, no Brasil essa doutrina já vigorava muito antes de ser institucionalizada pela ministra. A rigor, que setores do nosso país não foram engolidos pela pasmaceira e pela acomodação – tão convenientes à manutenção das falidas instituições públicas e estruturas sociais? Os aeroportos, as universidades, as entidades esportivas, o governo, a mídia – é tudo uma grande greve, um imenso mar onde nada acontece e ninguém reage.

Esta geração de brasileiros fica marcada como os filhos da greve. Aquela greve conformada, fadado ao fracasso, cúmplice dos próprios inimigos, imóvel, letárgica, burocratizada. A greve típica do século XXI, das Ditaduras Camufladas.

Este colunista, é claro, está em greve. Se o leitor também se encaixa nesse quadro, deve estar à procura de atividades para romper o tédio. Vejamos futebol. Hoje tem um belo jogo, Botafogo e São Paulo, vale a liderança. Maracanã lotado. Pipoca cai bem.

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